http://dx.doi.org/10.14718/RevArq.2017.19.1.90

A favela é um cenário: tematização e cenarização nas favelas cariocas

La favela es un escenario: la tematización y puesta en escena en las favelas de Río

The favela as a setting: Thematization and scenarization in the favelas of Rio de Janeiro

Sergio-Moraes-Rego Fagerlande1

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Brasil).

Laboratório de Urbanismo e Meio Ambiente (Laurbam) do Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Prourb-FAU).

1 Arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ, Brasil). Especialista em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, Brasil). Mestre e doutor em Urbanismo pelo Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Prourb-FAU-UFRJ, Brasil). Pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Prourb-FAU-UFRJ), com o tema de estudo sobre turismo em favelas, com bolsa do Programa Nacional de Pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PNPD-Capes) entre 2013 e 2014.

Professor Adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU UFRJ, Brasil) http://orcid.org/0000-0001-9269-0448 sfagerlande@gmail.com

Para citar este artigo:

Fagerlande, S. M. R. (2017). A favela é um cenário: tematização e cenarização nas favelas cariocas [La favela es un escenario: la tematización y puesta en escena en las favelas de Río]. Revista de Arquitectura, 19(1), 6-13. doi:http://dx.doi.org/10.14718/RevArq.2017.19.1.90

Recibido: septiembre 10 / 2015
Evaluado: noviembre 19 / 2016
Aceptado: marzo 17 / 2017



Resumen

A partir de la necesidad de cambiar la imagen de la ciudad, vinculado a la realización de los principales eventos deportivos de la ciudad de Río de Janeiro, en especial el Mundial de Fútbol en 2014 y los Juegos Olímpicos y Paralímpicos de 2016, las nuevas políticas públicas relativas a la seguridad y las obras de movilidad se han implementado. Se resaltan los cambios en las favelas, con las Unidades de Policía Pacificadora (UPPs) vinculadas a la seguridad y a las grandes obras de la movilidad. Esta nueva situación ha tenido una fuerte influencia en un nuevo proceso relacionado con el desarrollo del turismo en estas favelas. Esta es una actividad muy utilizada para aumentar la renta en ciudades, y se evidencia que el turismo en favelas tiene un comportamiento muy similar a lo que ocurre en las ciudades turísticas tradicionales, tales como el proceso de tematización y puesta en escena que ha ocurrido, siguiendo los modelos existentes en otras áreas tradicionales vinculadas al turismo.

Palabras clave: turismo cultural, favelas, asentamientos humanos, paisaje urbano.



Abstract

Related to the need to change the city's image, related to major sports events held in Rio de Janeiro, especially the 2014 FIFA World Cup and the 2016 Olympic and Paralympic Games, new public policies have been implemented to improve security and mobility. Important changes have been made in the favelas with the help of the Police Peace Units (PPUs) related to security and major mobility construction works. This new environment has had a strong influence on a new process associated with the development of tourism in these areas. It is an activity widely used to increase cities' income and it is evident that tourism in the favelas follows a similar process to what happens in traditional tourist cities, such as thematization and scenarization based on models existing in other well-known, traditional tourist areas.

Keywords: Cultural tourism, favelas, human settlements, urban landscape.



Resumo

A partir da necessidade de mudar a imagem da cidade do Rio de Janeiro, ligada à realização de grandes eventos esportivos nela, em especial a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, novas políticas públicas relacionadas à segurança e a obras de mobilidade vêm sendo implantadas. Cabe ressaltar que as mudanças nas favelas, com as Unidades de Política Pacificadora (UPPs), são associadas a essas políticas públicas. Essa nova situação vem tendo forte influência em um novo processo ligado ao desenvolvimento nessas favelas: o turismo. Trata-se de atividade bastante utilizada para a geração de renda nas cidades, e a forma como esse turismo se desenvolve em favelas segue de maneira similar o processo de tematização e cenarização que vem ocorrendo nas cidades turísticas tradicionais.

Palavras-chave: assentamentos humanos, favelas, paisagem urbana, turismo cultural.



Introdução

Este artigo é parte de pesquisa "Turismo e cidade: tematização em favelas do Rio de Janeiro", que vem sendo realizada no Laboratório de Urbanismo e Meio Ambiente (Laurbam) do Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Prourb-FAU-UFRJ) desde 2014.

O Rio de Janeiro tem passado, nos últimos anos, por um processo de reconstrução de sua imagem com a intenção de se tornar uma cidade global, mais aberta a investimentos externos. A busca por sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 foi uma ação bastante representativa desse processo. Além de grandes obras de infraestrutura ligadas às necessidades geradas pelos jogos, especialmente de mobilidade urbana, houve a preocupação em controlar a violência na cidade. O projeto de segurança pública foi centrado na ocupação de favelas pelas Unidades de Política Pacificadora, as UPPs, processo iniciado em 2008.

As favelas atingem o número de mais de 2.000.000 de habitantes no estado do Rio de Janeiro (IBGE, 2010) e estão inseridas na malha urbana da cidade; elas possuem um histórico de ocupação por grupos ligados ao tráfico de drogas, que assumem um controle territorial de áreas importantes da cidade. Desde os anos 1980, o Rio de Janeiro vem sendo um ponto importante de passagem do tráfico entre os países produtores e os consumidores (Europa e Estados Unidos) (Coutinho Marques da Silva, 2014). A ocupação territorial desses lugares pela polícia foi acompanhada por grandes obras públicas. Muitas delas relacionadas à mobilidade urbana, como teleféricos, elevadores e planos inclinados. Da mesma maneira, vieram obras de urbanização, com novas vias e moradias, grande parte dentro de programas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A necessidade de se estimular atividades geradoras de renda nessas comunidades também constituiu iniciativas governamentais, como o Programa Turismo de Base Comunitária do Ministério do Turismo, iniciado em 2006, e o projeto Rio Top Tour, iniciado em 2010, apoiado pelo governo estadual, e que inicialmente atingiram favelas como o Cantagalo e a Santa Marta1 (Rodrigues, 2014).

Nesse sentido, este artigo busca mostrar como aspectos das atividades turísticas que ocorrem em todo o mundo, em especial em cidades turísticas, como o processo de tematização e cenarização (Fagerlande, 2015), também acontecem nesses novos espaços do turismo — as favelas.

O estudo do turismo nas favelas nos mostra que, ao lado de iniciativas como as que ocorreram na Rocinha, como fala Freire-Medeiros (2009), ou na favela Santa Marta, estudada por Carvalho (2013) e Rodrigues (2014), existe uma multiplicidade de possibilidades de atividades turísticas em diferentes favelas, e isso leva à criação de um quadro de construção de imagens diferentes para elas, em uma busca de que cada uma consiga atrair o turista de maneira singular. Desse modo, esse processo repete o que ocorre com as cidades turísticas tradicionais (Fagerlande, 2015), onde a competição entre os diversos destinos faze com que as cidades busquem alternativas em suas imagens para atrair os visitantes.

A tematização das favelas é parte da construção de suas imagens para o consumo, o que mostra que elas estão sendo inseridas em um processo global de mercadificação das cidades (Ribeiro e Olinger, 2012; Sanches, 2001), na qual a imagem é um aspecto muito importante. Nesse contexto, o turismo surge como ponta de lança da entrada de investimentos, dentro de um pensamento de que as atividades desse setor passaram a ser consideradas como um indutor de crescimento, de geração de renda, de revitalização urbana e de integração com a cidade. Autores como Zukin (2005) nos mostram como esse processo é global e conta com a participação da cultura na revitalização das cidades. Urry (2001) evidencia a importância do olhar do turista para a construção desse cenário e seu consumo (Urry, 1995); Shields (1992), por sua vez, aponta de que forma ocorre essa construção da imagem de lugares, que tanto podem ser cidades quanto parte delas, como é o caso das favelas. Shields (1992) ainda indica que o estudo de lugares e do turismo deve utilizar amplo material de pesquisa, isto é, não se ater aos mais tradicionais, mas sim incluir folheteria, guias, material de divulgação e sites. Para reforçar o conceito de tematização, Gottdiener (2001) mostra como os ambientes temáticos fazem parte da nossa sociedade. Por sua vez, a cenarização descrita por Silva (2004) é transposta para outros espaços, que apresentam a criação de seus espaços turísticos da mesma maneira que pequenas cidades por ela estudadas. Montaner e Muxi (2014) também falam da tematização presente em cidades turísticas como parte de um processo atual ligado à globalização, bastante relacionado à indústria cultural, em que a necessidade de se achar um lugar nesse mercado sugere que as cidades apareçam com imagens definidas e especializadas. Muitas vezes, as tradições culturais locais são tratadas como a autenticidade encenada de que nos fala MacCannell (1999), dentro da procura por essa imagem do lugar e da atração de visitantes.

Este trabalho é parte de pesquisa sobre turismo nas favelas e tem a intenção de explorar essa relação entre a tematização e a cenarização das cidades turísticas, onde as atividades do setor vêm desenvolvendo um processo de construção da imagem de cada uma delas por meio de características locais que estimulem sua atratibilidade. A partir da consulta feita no site Guia das Favelas (Fernandes, 2013), no âmbito de uma pesquisa sobre favelas, constatou-se que esse processo vem ocorrendo, ainda que de maneira embrionária, nas favelas cariocas. Atualmente fora do ar, a tematização clara proposta pelo site pode ser verificada em outros guias, como o Guia das Comunidades (2014), site e revista bimestral editada pelo jornal Extra, ou o Guia de Bolso das Comunidades, elaborado pelo Sebrae2 e que existe em versão impressa e digital (Sebrae, 2014).


Metodologia

A pesquisa sobre turismo em favelas vem sendo realizada com visitas às comunidades, mapeamento de atividades (como hospedagem em albergues, bares e restaurantes), locais de visitação (como mirantes e percursos propostos aos visitantes), além de contatos com os moradores e com organizações locais que participam das atividades ligadas ao turismo e à pesquisa em sites e guias relacionados às atividades turísticas. A divulgação para os turistas dessas atividades em favelas é elemento fundamental para seu sucesso. O papel dos guias é identificar aos possíveis visitantes o que cada favela tem de mais relevante para se visitar, ou seja, a motivação para o passeio. Dessa maneira, busca-se estabelecer características para que a imagem de cada favela se torne algo vinculado a um consumo mais imediato. Pode ser um elemento histórico, como a ocupação inicial por escravos, ou algo relacionado à música e ao samba. Ainda, pode ser a presença de características ligadas ao tamanho da favela ou à sua posição com relação à paisagem carioca, com belas vistas do mar e das montanhas locais. Cada um desses possíveis elementos de destaque pode indicar o que aquela comunidade tem de mais característico ou importante para atrair, assim, o interesse para sua visitação.

Por meio do estudo desses sites, livros, blogs e guias, além da comparação entre o que ocorre nessas comunidades, suas histórias e o desenvolvimento do turismo nesses lugares, pode-se perceber que o turismo segue um processo de especialização temática. Nesse sentido, cada favela busca seu diferencial, em termos de história local, valorização da paisagem, de atividades e de sua própria cultura, para se diferenciar umas das outras, em meio ao que poderia ser considerado um padrão homogêneo de favela; com isso, desenvolvem um processo de construção de sua própria identidade a fim de reforçar o processo do turismo em si.

As favelas estudadas são as que constam do site Guia de Favelas (Fernandes, 2013) e que estão localizadas em diversas áreas da cidade do Rio de Janeiro, como mostra o mapa acima (Figura 1). Parte dessas comunidades, como as do Complexo do Alemão, Manguinhos, Mangueira e Salgueiro, localizam-se na zona norte da cidade. As favelas da Providência e Prazeres estão na área central, e Santa Marta, Babilônia-Chapéu-Mangueira, Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Vidigal e Rocinha se situam na zona sul carioca.

Figura 1. Mapa do Rio de Janeiro com a localização das favelas estudadas neste artigo.

Fonte: Commons Wikimaps, com intervenção do autor (2017).


Resultados

Tematização, cenarização e autenticidade encenada nas favelas

Observa-se ao redor do mundo como a revitalização urbana é cada vez mais um processo recorrente. Trata-se de uma necessidade recuperar áreas degradadas ou subutilizadas, ou ainda aquelas que não conseguiram se estabelecer dentro do modelo produtivo existente. O turismo surge como uma forte alternativa e vem sendo estimulado por governos em busca de novas possibilidades econômicas para cidades ou partes delas (Hoffman, Fainstein e Judd, 2003). Em áreas centrais, esses processos surgem com grande força, em especial ligados a atividades culturais e de lazer (Zukin, 2005).

Judd e Fainstein (1999) mostram que essas atividades ajudam não somente na busca pela manutenção da ocupação de áreas que poderiam ser abandonadas, mas também que as atividades ligadas ao turismo têm importante atuação, com grande capacidade de criação de oportunidades econômicas, de empregos e de influência nas mudanças nas cidades. Um dos aspectos observados nas favelas cariocas é a presença de grande número de albergues (hostels), em especial nas favelas da Zona Sul. Ao lado de bares e restaurantes, a presença desses empreendimentos é um dos aspectos mais importantes e gera possibilidades de renda para as favelas, influenciando na sua relação com os bairros vizinhos (Fagerlande, 2016).

A tematização que ocorre em áreas das cidades e, no caso estudado, também nas favelas, é um processo que, de acordo com Gottdiener (2001), sempre esteve presente na sociedade, com o uso de símbolos e temas. Nos anos 1960, as mudanças na sociedade, em que a imagem passou a ser um elemento de grande importância, e o consumo passou a ser mais importante que a produção, a necessidade de estimular esse consumo passou a incluir a imagem e as cidades.

O uso de símbolos e temas cada vez mais frequentemente caracterizam o espaço da vida diária tanto da cidade como do subúrbio. Significação envolve não somente a proliferação de signos e temas, mas também um constante trabalho de reconstrução de fachadas e espaços interiores para incorporar motivos dominantes de tal maneira que estamos de forma crescente expostos a novas experiências ambientais quando consumimos (Gottdiener, 2001, p. 4).

Dessa maneira, Gottdiener fala que a tematização passou a ocorrer em restaurantes, hotéis, shoppings centers e até museus, e isso passou a incluir as favelas. Esse processo engloba a tentativa de construção de cenários, como nos fala Silva (2004). Ainda é um processo que não se reproduz da mesma maneira que nas cidades turísticas; no entanto, pode ser percebida, em algumas favelas, a construção de cenários para o turismo, seja envolvendo painéis de grafite que contam suas histórias, como no caso do Museu de Favela do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho (Pinto, Silva e Loureiro, 2012) (Figura 2), seja no estímulo à construção de mirantes, muitas vezes com estátuas, como no caso do mirante Michael Jackson, na favela Santa Marta (Rodrigues, 2014).

Figura 2. Roda de Samba na laje do Museu de Favela (MUF), Cantagalo-Pavão-Pavãozinho.

Fonte: foto do autor (2014).

O MUF, mesmo diretamente ligado à preservação da identidade local, propõe uma visitação em que haja uma interação com a comunidade local, mas que, ao fim dessa visita, seja apresentada alguma atração cultural local específica para o público turista, por exemplo, uma roda de samba na laje do museu. Esse uso de elementos locais não mais dentro do contexto da comunidade, mas sim como atração para os visitantes, é exatamente o que MacCannell (1999) chama de autenticidade encenada, algo que, embora relacionado com a tradição local, não é mais parte da vida diária dos moradores, e sim uma encenação.


Turismo e imagem das cidades

A partir dos anos 1960, o desenvolvimento do turismo vem se baseando em mudanças tecnológicas, como o aumento das comunicações e do transporte, mas principalmente por conta de uma sociedade cada vez mais ligada à imagem, tanto com relação à sua produção como ao seu consumo. Esse processo também se desenvolveu nas cidades, que vêm buscando trabalhar sua imagem no contexto dessa nova competição que se criou entre elas, em busca de investimentos, com atração de capitais e pessoas. Nesse campo, o turismo passa a ser um importante elemento dentro do processo, que envolve as atividades ligadas a cultura, lazer e serviços. A produção da imagem das cidades, produção de bens imateriais, vinculada a suas atividades culturais, é parte desse novo processo, que, em um momento de desindustrialização, torna o consumo o grande diferencial das economias em todo o mundo.

A imagem é construída por meio da história dos lugares, de suas tradições e de seu patrimônio —que muitas vezes são inventadas, como fala Hobsbawn (2006)—, e principalmente pelo olhar do turista, como nos apresenta Urry (2001). Place-making ou construção do lugar, como mostra Rob Shields (1992), e place-shaping ou dar forma ao lugar, como falam Shaw e Williams (2004), são termos que vêm sendo utilizados nesse processo do qual a tematização e a cenarização são partes. Observar como a imagem e a fantasia vêm se relacionando, algo que sempre fez parte da história da arquitetura3, ajuda a entender como o turismo se desenvolve nas cidades estudadas. Conhecer como acontecem esses processos de tematização e de cenarização é necessário para poder entender as cidades onde isso ocorre e as possibilidades que isso apresenta para esses lugares e suas populações.

Dentro do processo turístico tematizado, para entendermos como ele se desenvolve, faz-se necessário perceber suas possibilidades, tanto comerciais como as ligadas às culturas locais, e avaliar a sua relação com essas comunidades. Trata-se de um processo que não deve ser entendido somente pelo seu lado empresarial e financeiro, mas também pelas possibilidades de se estabelecer relações de estímulo de tradições de cada lugar e seu resgate, mesmo que com um viés mercadificado. Além disso, compreender que esse processo deve se adequar às tradições culturais e sociais e aos movimentos ligados aos negócios do turismo. Esse processo é mais usualmente tratado ao se estudar cidades consolidadas, formais, ou cidades turísticas (Fagerlande, 2015), mas pode ser percebido também ao se pesquisar lugares onde o turismo vem tendo um processo ainda embrionário, como as favelas.

A utilização de guias para se entender como a tematização aparece nas favelas é também a transposição de metodologia indicada por Shields (1992). No âmbito dessa metodologia, adotada em pesquisa sobre a construção da imagem em cidades turísticas (Fagerlande, 2015), foi feita uma análise de como as cidades pesquisadas apareciam nos guias Quatro Rodas desde sua criação, nos anos 1960, até os dias atuais e de como isso colaborou para a criação dessas imagens de cidades turísticas.


Como cada favela se caracteriza: a tematização em cada uma delas

A ideia de que cada favela tem um tema a ser desenvolvido não é algo que se perceba imediatamente. Da mesma maneira como o turismo em favelas é algo recente, tendo se desenvolvido a partir dos anos 1990 (Freire-Medeiros, 2009), a caracterização de cada favela a partir de um tema é algo que vem ocorrendo, mas sem uma definição oficial. Parece algo que vem ocorrendo dentro de um processo de competitividade, no qual muitas favelas que buscam desenvolver atividades ligadas ao turismo têm empreendedores que veem nesse turismo uma oportunidade para estimular seus negócios. Pode ser algo também ligado a instituições locais que buscam fortalecer as identidades locais, o que relaciona as imagens, a identidade e o turismo. Ainda aparecem os guias, sejam feitos por empreendedores vinculados aos governos, sejam particulares, todos se interessam em criar imagens para cada uma das favelas, dentro desse processo de especialização e de criação de atrações.

No contexto da elaboração dos guias, o Guia de Favelas apresenta, de maneira bastante clara, como se dá a tematização de favelas, como cada uma delas busca se caracterizar, criar uma identidade própria em meio a tantas outras favelas do Rio de Janeiro. Ao nomear cada uma das favelas que aparecem no guia, elas estão sempre identificadas de alguma maneira. Ao se falar do Morro da Providência (Figura 3), aparece "Visite o Morro da Providência e valorize a cultura das favelas" (Fernandes, 2013), pois foi nesse morro que surgiu o próprio termo favela, ali se localizando uma das primeiras, historicamente considerada a pioneira das favelas. Assim, a caracterização segue a ideia de buscar ali a história, algo que a destacaria no contexto das demais. Na verdade, o Morro da Providência, também chamado de Morro da Favela, é considerado por muitos como o "berço das favelas" (Rodrigues, 2014, p. 14), mesmo que alguns autores falem do morro de Santo Antônio como o primeiro desses assentamentos (Rodrigues, 2014, p.13-14). Portanto, mais importante do que realmente perceber a verdade na história é a divulgação de um lugar com sua própria história, o que pode ser utilizado para a construção da imagem dessa comunidade e tornar-se um atrativo para o visitante.

Figura 3. Morro da rovidência, com a torre da Central do Brasil ao fundo.

Fonte: Laurbam (2013).

A seguir, o Guia das Favelas trata da Favela dos Prazeres, que fica no morro de mesmo nome. Ao citá-la, fala que a "Favela dos Prazeres no passado serviu de esconderijo para os escravos" (Fernandes, 2013) e fornece, assim, uma característica do que seria importante no lugar —a luta contra escravatura, outro elemento importante de valorização da cultura negra e das favelas—. Mais uma vez, trata-se de história, mas, para se diferenciar do Morro da Providência, utiliza de outros termos. Assim, a história da Providência é contada de maneira diferente da história sobre a fuga da escravidão relatada nos Prazeres. Já o Guia de Bolso das Comunidades (Sebrae, 2014) fala da paisagem como algo que distingue o lugar: "é uma vista de tirar o fôlego".

Ao falar do Morro do Salgueiro, mais uma vez se busca algo que a diferencie das demais. O Guia das Favelas diz que "O Salgueiro é uma das mais antigas áreas ocupadas no Maciço da Tijuca" (Fernandes, 2013). Assim, a história agora fica contextualizada em uma das regiões da cidade, e não nela como um todo. Poderia se falar no samba, mas, ao escolher o que cada favela teria de mais relevante e diferencial, os formuladores do guia preferiram deixá-lo como atração de outra comunidade, tema a ser tratado em outro momento do guia.

Sobre outra importante favela da mesma região, a Mangueira, diz: "Morro da Mangueira, o berço do samba carioca" (Fernandes, 2013). Com certeza, uma inverdade, dado que o samba tem outras áreas mais antigas como espacialização, mesmo que não se negue a importância da Mangueira para o cenário musical brasileiro, pelos importantes compositores que ali desenvolveram o samba, inclusive pela importância da escola de samba de mesmo nome. Mas o epíteto berço do samba carioca cai bem para um lugar que trata o samba como um de seus importantes atrativos. Desse modo, o guia colabora para que o samba atraia mais visitantes, valorizando a escola de samba, que, além de um importante elemento de atração turística para as favelas, já está consolidada no imaginário mundial como um traço cultural carioca, ligado ao grande negócio turístico que é o desfile de escolas de samba e o próprio carnaval carioca.

Com relação à favela de Manguinhos, o Guia das Favelas coloca que "O Papa Francisco visitará Manguinhos durante a Jornada da Juventude Mundial da Juventude" (Fernandes, 2013), pois a pesquisa ao site foi antes dessa visita, que marcou positivamente essa favela e que, de acordo com o site, talvez gerasse um interesse à visitação de fiéis. Algo parecido ocorreu na favela Santa Marta, onde a visita de Michael Jackson a projetou internacionalmente por conta de um videoclipe feito pelo artista. Nela, a estátua do artista ainda é importante atração, portanto bastante visitada. Além disso, o Guia de Favelas fala da paisagem nessa favela: "Vista de cartão-postal do mirante Santa Marta" (Fernandes, 2013), que alcança grande parte da zona sul da cidade, e é uma das atrações locais. A própria estátua do Michael Jackson fica em um mirante. No Guia de Bolso das Comunidades (Sebrae, 2014), também aparece a referência a Michael Jackson e ao videoclipe, além de falar do plano inclinado e de atividades culturais e artesãos locais. Além do mirante, a própria favela, com suas casas pintadas em projeto recente e a capela do morro também aparecem como atrações a serem visitadas.

A paisagem como importante elemento de atração aparece também ao se falar do Complexo do Alemão. A frase escolhida para caracterizar o tema a ser trabalhado no conjunto de favelas diz respeito à obra realizada pelo governo dentro do processo de melhorias da cidade para os eventos da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 — o teleférico. O Guia das Favelas fala que "O teleférico do Alemão revela outros ângulos do complexo de favelas" (Fernandes, 2013) (Figura 4). Isso valoriza o novo equipamento e as possibilidades de se ver a favela com sua utilização. Por certo, o turismo no Alemão é bastante focado na visitação pelo teleférico e, por isso, ao fazer propaganda do lugar para atrair visitantes, é o teleférico que aparece como elemento principal, mesmo que haja outros atrativos na favela.

Figura 4. Panorama visto do Complexo do Alemão com o teleférico ao lado.

Fonte: Foto do autor (2014).

Um dos casos mais evidentes de se buscar um tema para caracterizar uma favela é o que ocorre na Rocinha (Figura 5). O título "Rocinha — a maior favela brasileira" (Fernandes, 2013) reforça essa posição. Outros guias corroboram essa afirmação, como o Guia das Comunidades (nov.-dez. 2014), que, em uma de suas edições, fala de "Gastronomia, cultura e esporte na maior favela do país" A ideia de que ser o maior ou o melhor seja um motivo para a visita aparece no Brasil em outras situações, como ao se falar do Estádio do Maracanã, que, durante muitos anos, foi considerado o maior do mundo, e isso sempre reforçou sua imagem e a do Brasil como país do futebol. Assim, a ideia de que exista uma favela tão grande passa a ser algo motivador para sua visitação, independentemente de outras características do lugar.

Figura 5. Panorama da favela da Rocinha.

Fonte: Foto do autor (2015).

Ao falar que "A favela do Vidigal possui uma vista privilegiada da cidade" (Fernandes, 2013), mais uma vez a paisagem e as vistas panorâmicas aparecem como o tema a ser explorado em uma favela. Por certo, esse é um tema de destaque em uma favela que fica junto ao mar e que alcança locais muito altos com uma vista privilegiada do litoral, especialmente dos bairros mais visados turisticamente da cidade, como Leblon, Ipanema e Copacabana.

Da mesma maneira que o Complexo do Alemão, o que destaca outro conjunto de favelas é o equipamento de mobilidade construído dentro dos mesmos princípios dos já citados com relação ao teleférico do Alemão. Ao falar que o " Cantagalo-Pavão-Pavãozinho — possui um elevador panorâmico ligando o alto do conjunto de favelas à estação de metrô" (Fernandes, 2013) o Guia das Favelas destaca que o equipamento de mobilidade trouxe um diferencial para a favela e contribuiu para a movimentação turística ali em desenvolvimento. Outro aspecto que vem sendo importante na construção da imagem do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho (Figura 6) é a atuação do MUF e seu circuito de Casas-tela. Trata-se de uma Organização não Governamental que concebeu um museu territorial, no qual a própria favela é o objeto museal. Nele, criou-se um circuito de grafites nas paredes de casas da comunidade, com os quais é contada a história local, por meio de elementos bastante característicos da cultura do morro nos nossos dias. Ao instituir um circuito de visitação turística, o MUF relaciona turismo e identidade local, e busca criar a imagem da favela como um lugar de preservação de cultura. Mesmo sendo algo que pode ser considerado como uma cenarização, pela criação de uma sequência de atrações, esse circuito de grafites se relaciona de maneira inclusiva na história local (Pinto, Silva e Loureiro, 2012).

Figura 6. Cantagalo visto do mirante e elevador ao lado.

Fonte: Foto do autor (2014).

Novamente, ao falar de outra favela, a paisagem e a vista surgem como tema de destaque. A citação "O Chapéu Mangueira guarda uma vista única da cidade" (Fernandes, 2013) mais uma vez destaca a vista, agora da praia cartão-postal do Brasil, Copacabana, como o elemento que distingue a favela. Assim, os turistas iriam em busca desse diferencial, embora existam diversas outras atrações lá. Ao lado de outras favelas, como a do Morro dos Prazeres, o Morro Chapéu Mangueira se destaca pelas atrações gastronômicas; desse modo, ao lado da vista, sua imagem está cada vez mais relacionada com a gastronomia, como aparece no guia Cultura RJ, lançado pela Secretaria de Cultura do Estado (Madureira de Pinho, 2014). O Guia de Bolso das Comunidades também ressalta a vista, a gastronomia e a hospedagem como diferenciais dessa favela, que ele junta com a Babilônia, favela vizinha, em suas páginas.


Discussões sobre a questão

Dentro do processo de construção de uma nova imagem do Rio de Janeiro, em que as novas intervenções em favelas têm tido importância ressaltada, em especial com relação à política de segurança e implantação das UPPs, o processo de ocupação e busca por novas atividades geradoras de renda nas favelas tem sido importante elemento.

O turismo vem ligado de maneira bastante importante a esse processo, como mostram os programas governamentais do Turismo de Base Comunitária e o Rio Top Tour, que, mesmo tendo uma continuidade aquém do esperado, deu início ao processo, com forte impacto especialmente na favela Santa Marta. Ao lado de iniciativas ligadas a esses programas, outras atividades relacionadas ao turismo e à identidade local, como as organizadas pelo MUF do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, têm sido importantes como alternativas para um turismo mais voltado às comunidades e não a empreendedores externos.

Não por acaso as favelas com maior movimentação turística são as que apresentam não somente a localização mais relevante para essas atividades, em geral localizadas próximas aos tradicionais bairros turísticos junto às praias, mas também a organização mais efetiva das próprias comunidades a fim de consolidar um turismo que conte com sua participação, tanto na visitação e na formação de guias como na criação de empreendimentos comerciais, como albergues, bares e restaurantes.

A ideia de que cada favela tenha uma imagem própria aparece no Guia das Favelas e em outros guias, e faz parte de um processo que não é exclusivo do turismo em favelas. Ao contrário, a construção de uma imagem para cada favela é semelhante ao que ocorre nas cidades formais, grandes ou pequenas, turísticas ou não. Trata-se de um processo de mercadificação das cidades, em que elas se tornam mercadorias, em busca de investimentos ou visitantes, para aumentarem suas rendas e sobreviverem economicamente.


Conclusões

O trabalho mostra como as favelas analisadas são caracterizadas com elementos próprios para a criação de imagem para o turismo. Assim, o Morro da Providência, antigo Morro da Favela, é apresentado como local pioneiro, ligado à história dessas ocupações, como também ocorre com

o Morro dos Prazeres e o Morro do Salgueiro. O Morro da Mangueira se destaca pelo samba, enquanto Manguinhos e Santa Marta, pela passagem de ilustres personalidades —Papa Francisco e Michael Jackson, respectivamente—. A paisagem e as obras públicas, como o teleférico e o elevador mirante, são lembrados no caso do Alemão e do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, enquanto a Rocinha se impõe pelo gigantismo. Vidigal e Chapéu Mangueira se destacam pela paisagem natural, outro elemento que é lembrado em várias favelas. Dessa maneira, cada uma das comunidades mencionadas é valorizada por caraterísticas individualizadas, em um processo de tematização para a atratibilidade turística.

Na escala das favelas, isso ocorre com a necessidade imposta pelo novo mercado de turismo, em que a especialização temática surge como um fator que passa a distinguir as diferentes comunidades e favorece o interesse do turista em ter sempre algo novo a ser visitado. Assim, a competição que existe entre as cidades turísticas se estabelece também nas favelas, e o turismo passa a ter mais atrações; em vez de uma única favela, são agora muitas favelas: a que é a maior do Brasil, a que tem a melhor vista, a que tem verdadeiramente história e assim por diante. Por mais que haja um denominador comum entre elas, a necessidade de distinção surge como o mais importante em uma construção para o turismo.



Notas

1 O morro se denomina Dona Marta, e a favela, Santa Marta (Rodrigues, 2014).

2 Sebrae é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, órgão governamental de incremento às atividades ligadas aos pequenos negócios.

3 Segundo Gottdiener (2001), primeiro nos casos de exposições internacionais e depois com os parques temáticos, essa relação teve influência não somente nos processos turísticos, mas também na formação das cidades.



Referências

Carvalho, F. C. (2013). A produção da favela turística e o turismo de base comunitária: possibilidades para o fortalecimento da participação social e o caso da favela Santa Marta. Dissertação de mestrado não publicada, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Coutinho Marques da Silva, R. (2014). A Radical Strategy to Deal with Slum Upgrading in the City of Rio de Janeiro. Em S. Vincent-Geslin, Y. Pedrazzini, H. Adly e Y. Zorro (eds.), Translating the City: Interdisciplinarity in urban studies (pp. 57-72). Lausanne: EPFL Press.

Fagerlande, S. M. R. (2015). A construção da imagem em cidades turísticas: tematização e cenarização em colônias estrangeiras no Brasil. Rio de Janeiro: 2AB Editora.

Fagerlande, S. M. R. (2016). Turismo no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho: albergues e mobilidade na favela. Anais do 1° Seminário Nacional de Turismo e Cultura. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa. Recuperado de http://casaruibarbosa.gov.br/

Fernandes, A. (2013). Guia das Favelas. Recuperado de http://www.guiadasfavelas.com/

Freire-Medeiros, B. (2009). Gringo na laje: produção, circulação e consumo na favela turística. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Gottdiener, M. (2001). The theming of America: American dreams, media fantasies and themed environments. 2a ed. Boulder: Westview Press.

Hobsbawn, E. (2006). Introdução: a invenção das tradições. Em E. Hobsbawn e T. Ranger (orgs.), A invenção das tradições. 4a ed. (pp. 9-24). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Hoffman, L. M., Fainstein, S. S. e Judd, D. R. (eds.) (2003). Cities and Visitors. Regulating People, Markets, and City Space. Blackwell, Estados Unidos; Oxford, Reino Unido; Victoria, Austrália: Blackwell Publishers.

IBGE (2010). Censo demográfico de 2010. Recuperado de http://www.ibge.gov.br/

Judd, D. R. e Fainstein, S. S. (eds.) (1999). The tourist city. New Haven: CT: Yale Univesity Press.

MacCannell, D. (1999). The tourist: a new theory of the leisure class. Berkeley e Los Angeles: University of California Press.Ltd.

Madureira de Pinho, A. L. (org.) (2014). Um guia de cultura do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim Ideias.

Montaner, J. M. e Muxi, Z. (2014). Arquitetura e política: ensaios para mundos alternativos. São Paulo: Gustavo Gilli.

Pinto, R. de C. S., Silva, C. E. G. da e Loureiro, K. A. S. (orgs.) (2012). Circuito das Casas-Tela, caminhos de vida no museu de Favela. 1a ed. Rio de Janeiro: Museu de Favela.

Ribeiro, L. C. Q. e Olinger, M. (2012). A favela na cidade-commodity: desconstrução de uma questão social. Em M. A. Mello et al. (orgs.), Favelas cariocas: ontem e hoje (pp. 331-348). Rio de Janeiro: Garamond.

Rodrigues, M. (2014). Tudo junto e misturado: o almanaque da favela: turismo na Santa Marta. Rio de Janeiro: Mar de Ideias.

Sanches, F. (2001). A reinvenção das cidades na virada do século: estratégias e escalas de ação política. Revista de Sociologia e Política 16, 31-49. Recuperado de www.scielo.br/pdf/rsocp/n16/a03n16.pdf

Sebrae. (2014). Guia de Bolso das Comunidades Rio. Rio de Janeiro. Recuperado de www.guiadascomunidadesrio.com.br/

Shaw, G. e Williams, A. M. (2004). Tourism and Tourism Spaces. Londres: Sage.

Shields, R. (1992). Places on the Margin: Alternative geographies of modernity. Londres/Nova York: Routledge.

Silva, M. da G. L. da. (2004). Cidades Turísticas: identidades e cenários de lazer. São Paulo: Aleph (série turismo).

Urry, J. (1995). Consuming Places. The International Library of Sociology. Londres/Nova York: Routledge.

Urry, J. (2001). O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Editora Studio Nobel.

Zukin, S. (2005). The Culture of Cities. Malden, MA: Blackwell Publishing.



Inicio